Reforço recém-chegado à paleta de motores a gasolina do Renault Arkana constitui mais-valia indiscutível na relação entre performances e rentabilidade: quem pode ter 158 cv quase tão acessíveis como 140, dificilmente pondera baixar... Sem mecânicas Diesel no catálogo, a Renault amplia a gama Arkana com introdução de uma versão mais potente do motor de 1.3 turbo a gasolina, desenvolvido em parceria com a Daimler, para reforço do dinamismo do SUV, apreciável até para chefes de família mais ativos na condução ou apressados. Comparativamente à congénere com a mesma cilindrada que está um degrau abaixo (140 cv), por mais 400 euros no preço final, o aumento taxativo de potência é importante (20 cv adicionais) e, em concreto, a maneira como ele se faz sentir, fazem toda a diferença no dia-a-dia.

Basta referir, por exemplo, que apesar de não haver praticamente diferenças de consumo entre os motores, a recuperação 80-120 km/h é um segundo mais rápida no mais potente: 6,6 segundos contra 7,6.
Para essa celeridade, contribui também a sofisticação da caixa EDC, ao retirar o melhor proveito (possível) da generosidade energética da mecânica a que está acoplada, gerindo-a, com precisão e correto escalonamento, a transmissão dessa força ao eixo motriz (dianteiro). Todavia, neste nível de potência (e binário: 270 Nm), o desempenho do motor impressiona mais pela sustentabilidade a velocidades de cruzeiro altas mesmo em relevo desnivelado, do que pela elasticidade a baixas rotações, privilegiando, ainda, a suavidade e o refinamento em prol do agrado da condução.
O 1.3 turbo a gasolina está associado a pequeno sistema MHEV (mild hybrid) de 12 V, que acaba por contribuir mais para a suavidade de atuação mecânica, do que propriamente na contenção de gastos. A tecnologia substitui o alternador e motor de arranque por máquina integrada no módulo da caixa automática de 7 velocidades, de embraiagem dupla, que melhora o funcionamento do start-stop, ativando-o muito mais precoce e suavemente, quer durante as desacelerações (função Sailing Stop, entre os 30 e os 140 km/h) e travagens para situações de imobilização comuns em cidade, quer quando voltamos ao pedal do acelerador e retomamos a marcha. O sistema inclui bateria de iões de lítio míni (só 0,13 kWh de capacidade!), mas consegue uma redução nas emissões e nos consumos: o nosso registo não foi além de 7 l/100 km médios reais, exatamente o mesmo que apurámos com a versão menos potente deste motor, em idênticas condições de utilização.

No resto, o SUV-coupé da Renault preserva os atributos que o posicionam em patamar de destaque na sua classe, em habitabilidade, capacidade de carga e conforto de rolamento.
O Arkana assenta na mesma arquitetura técnica de Clio ou Captur (CMF-B) – privilegiaram-na à CMF-C/D por tratar-se de plataforma mais barata e modular –, com a distância entre eixos esticada para 2,720 m (mais 81 mm do que o Captur). O recurso a esta plataforma tem mão cheia de impactos positivos, desde logo nas cotas interiores e na capacidade da bagageira, que é uma das mais volumosas do segmento C, com enormes 513 litros, quase em igualdade com a da carrinha Mégane (531).
O banco traseiro está colocado um pouco mais abaixo, para que a arquitetura SUV-Coupé não limite o sentido prático do automóvel, nomeadamente a liberdade de movimentos nos lugares posteriores e nas entradas e saídas do habitáculo. Quatro adultos viajam no seu interior em ótimas condições de conforto. Um quinto elemento a bordo, sentado atrás, no lugar do meio sentirá o aperto normal que resulta da presença do túnel no piso do automóvel.

A construção do habitáculo alinha pelo nível médio alto da classe, tal como a ergonomia, favorecida pela restrição de botões ao mínimo indispensável, criando amplas superfícies limpas no tablier, dominado pelo painel de instrumentos multicenários, que é 100% digital. O ecrã tátil vertical de 9,3’’ do sistema multimédia está em posição destacada na consola central. O Arkana R.S. Line deixa mais vincada a inspiração desportiva, quer pelas aplicações a imitar carbono, a decoração em negro e vermelho e a ótima pega perfurada para o volante; quer pelos bancos, revestidos num misto de Alcantara e pele, com ajustes elétricos.
Dinamicamente, aplaude-se a competência. Direção e suspensão comportam-se de forma correta e encontrou-se especificação muito equilibrada para o chassis que beneficia a dinâmica do automóvel sem penalizar o conforto de rolamento exigido nos familiares.
Só elogios à introdução do motor a gasolina mais evoluído na gama Arkana; trouxe eficiência no consumo e nas emissões poluentes, além de maior potência e binário, com otimização das prestações do espaçoso SUV compacto de imagem desportiva, ainda mais vincada nesta versão RS Line. Investimento (acrescenta 400 € ao preço do TCe 140) mais do que justifica.
Preço (março 2023):
Renault Arkana TCe 160 R.S. Line - Desde 39.720 €