A berlina familiar da Ford – cinco portas – obteve ligeiras modificações visuais e várias melhorias, sendo possível reparar agora no redesenho dos faróis LED e da zona dianteira (grelha, logótipo e para-choques), assim como na revisão das óticas traseiras (mais escuras e com iluminação LED).
O nível de equipamento também poderá marcar uma certa diferenciação, como é o caso, aliás, da versão em teste, cujo pack exterior ST-Line (457 €) acrescenta spoiler traseiro de maior dimensão, embaladeiras à frente e pinças de travão a vermelho (além de pedais em alumínio), sendo ainda possível destacar a pintura metalizada azul Desert Island, por 558 €, assim como as jantes em liga leve de 18’’ (Katana), disponíveis por 508 € (de série: jantes de 17’’).

A lista do equipamento standard é muito completa (desde 33.719 €), incluindo suspensão desportiva, vidros escurecidos, retrovisores com comando elétrico (rebatíveis) e acesso sem chave, por exemplo. No interior: ar condicionado automático, estofos a couro parcial (Ebony) carregador sem fios para telemóvel, ecrã digital de 12,3’’ com navegação (SYNC 4; onde também passaram a estar os comandos da climatização), sistema de som B&O, chave inteligente e volante de três raios forrado a couro sintético.
Acrescem airbags laterais e de cortina, fecho centralizado com controlo remoto e travão de mão elétrico. Nas assistências à condução, além dos normativos ESP e ABS, o modelo também integra sistema de pré-colisão com travagem ativa e deteção de peões e ciclistas, assim como manutenção de faixa de rodagem, alerta da pressão de pneus, limitador de velocidade e câmara traseira.
No lado das opções regista-se a inclusão de faróis adaptativos LED (966 €), teto panorâmico (1117 €) e Head-up Display (457 €), além do Pack Driver (254 €), este com estacionamento automático, sensores de parque à frente e atrás e escamas laterais para a proteção na abertura das portas. Mais completo, o Pack Driver Plus (610 €) propõe ainda o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, máximos automáticos e cruise-control adaptativo. O Pack Winter (457 €) acrescenta a possibilidade de se ter volante e bancos aquecidos, além de para-brisas térmico. Trunfos não lhe faltam, portanto, mesmo que tudo somado acabe por aumentar o preço final: 40.204 €, incluindo o custo do pneu suplente de emergência (102 €).

Na parte mecânica, o grande destaque assenta na motorização 1.0 a gasolina com ligeira eletrificação ou apoio híbrido (MHEV), razão pela qual a etiqueta Hybrid aparece logo a seguir à designação EcoBoost (na traseira). Trata-se do mesmíssimo bloco de três cilindros em linha, de 998 cc, desenvolvido pela Ford, de injeção direta, turbo, que neste caso surge apoiado por um pequeno motor elétrico (11,5 kW-16 cv, posicionado à frente, na transversal), o qual é alimentado por uma bateria suplementar de iões de lítio (0,48 kWh).
O objetivo é alcançar maior eficiência e menores emissões (118 g/km de CO2), sem baixar as expetativas ao nível das prestações, algo que este Focus consegue atingir de forma evidente. A suavidade de funcionamento, inclusive no arranque, assim como o baixo ruído e a as fracas ressonâncias do agregado são outras características a apontar. O consumo médio mais frequente oscila entre 5,8 e 6,2 litros por cada 100 km, às vezes menos, numa condução perfeitamente normal e sem grandes estratégias ecológicas, existindo um indicador da função híbrida no painel à frente do volante. Mesmo quando se exagera ou se recorre mais ao modo Sport (além dos Normal e ECO), essa média não aumenta de forma brusca, sendo possível aferir valores perto dos 6,6 litros/100 km.
A potência máxima atinge 155 cv e é possível notar uma resposta convincente por parte do motor na maior parte das situações, bem ajudado pela transmissão manual de seis velocidades, cujo escalonamento nem sequer é demasiado longo, tendo ainda uma afinação precisa do seletor e passagens rápidas, à boa maneira da Ford. As recuperações estão em linha de conta com esse rendimento (190 Nm de binário máximo entre as 1750-2250 rpm), sem que haja hesitações ao longo dos vários regimes, a que se junta a toada acústica moderada.

A velocidade máxima anunciada é de 211 km/h e as medições das acelerações corroboram os dados prescritos pelo construtor, tendo o arranque 0-100 km/h sido cumprido em 9,4 segundos (9,5 s é o valor declarado). A capacidade de travagem também deverá ser elogiada face aos 34,3 metros obtidos a partir dos 100 km/h até à imobilização total – valor mais comum num desportivo –, o que revela a eficácia do sistema com discos ventilados (à frente) e pinças específicas, juntando-se, neste caso, o desempenho eficaz dos pneus Michelin Primacy4 235/40 R18.
A suspensão de maior firmeza (dita desportiva) não afeta o conforto, mesmo em mau piso, embora aí se detete maior ruído de rolamento. O habitáculo é amplo (com bons materiais) e a área de bagagens funcional, também por aí sem prejuízos face às restantes versões da gama, tendo em conta a eletrificação.
A reputação dinâmica está inteiramente salvaguardada – excelente chassis e suspensões –, sendo este Focus bastante fácil de guiar: rápido, certinho e previsível nas reações, destacando-se ainda a resposta da direção, cuja assistência não é nada esforçada, exibindo um tatear preciso e progressivo nos vários andamentos. Também neste capítulo, trunfos não lhe faltam, numa condução capaz de estimular a mais-valia desta diferenciada variante Mild Hybrid (MHEV).