Citroën C5 X Hybrid 225

Moderno... à moda antiga

TESTE

Por Paulo Sérgio Cardoso 29-01-2023 07:00

Nunca um Citroën moderno trouxe à memória (tão boas) recordações de tempos idos. Simbiose entre tecnologia moderna – onde não falta solução PHEV – e os genes históricos de conforto e serenidade, o C5 X é topo de gama que soma a ousadia de se apresentar em formato que não é de SUV. Mas sem renegar as parecenças...

Com 4,8 m de comprimento, o C5 X é um automóvel grande, não renegando origens de verdadeiro topo de gama para a Citroën. E também o faz através de formato bem distinto ao do que o mercado nos tem oferecido, com esta volumosa carroçaria fastback, quase tão esguia como uma shooting break, mas cujas rodas de grande dimensão e proteções plásticas nos aros não despegam de um certo ideal de SUV... Certo é que chamou atenções, fez rodar pescoços e erguer polegares!

É através deste estilo disruptivo para com a paisagem que o C5 X abre portas a uma interpretação moderna (conceito Advanced Comfort elevado ao extremo do bem-estar) de feitos e feitios tão queridos na história da marca. Podemos começar pelos bancos com efeito sobrecolchão, que dispensam pronunciados apoios laterais em prol de uma comodidade extrema; ou pela imensidão do espaço reservado para as pernas de quem tem a sorte de viajar no banco traseiro. Volumetria e área útil é algo que também não falta à comprida bagageira, que mesmo reservando espaço para acolher a bateria e componentes desta versão PHEV deixa livres 485 litros – 545 litros nas versões só térmicas. Sendo tão vasta, achamos que fará falta reforçar a intensidade do existente ou somar um segundo ponto de luz.

Há ainda lugar a outro género de experiências a bordo, com a mescla de superfícies e materiais no topo das portas e tablier, ou a pele e costuras que revestem a consola, entre bancos. Mas não se espere atenção magna à montagem ou a pormenores como o fazem marcas premium, incluindo a DS no seio Stellantis. Depois, há uma combinação de revivalismo com modernidade, que acaba por resultar num painel de instrumentos de dimensões e resolução gráfica abaixo do esperado, embora as informações principais possam ser projetadas no vidro frontal através do grande head up display a cores.

O sistema multimédia flutua no topo da consola central em generoso monitor tátil de 12’’, ficando o botão de controlo do volume mais à mão do passageiro – o condutor pode fazê-lo através do volante. A navegação entre menus (inspirada em tablets, incluindo widgets) não é a mais intuitiva, com acesso intrincado e algumas funções escondidas – as marcas continuam a não perceber que é diferente estar sentado num sofá a operar um tablet e fazê-lo aos comandos de um automóvel em movimento...

A Citroën forrou o C5 X a tecnologia, incluindo tutoriais para melhor elucidar sobre a utilidade de muitas das funcionalidades incluídas. Há base para carregamento indutivo do telemóvel, ligações sem fios para Apple CarPlay e Android Auto, mas alertamos que já só existem tomadas USB tipo C. O sistema de reconhecimento de voz ainda tem margem de evolução.

Uma serena experiência rolante

Se o leitor alguma vez conduziu um modelo da linhagem C5 (ou mesmo um Xantia), vai sentir-se em casa. A reminiscência é total, indo da sensibilidade do toque no pedal de travão à sensação de nos deslocarmos sobre uma nuvem flutuante chamada estrada. Esta versão Hybrid, com o conjunto mecânico híbrido Plug-In já bem conhecido do Grupo Stellantis, aqui na variante de 225 cv de potência máxima combinada e bateria de 12,4 kWh, inclui, de série, suspensão ativa de amortecimento variável a acompanhar os amortecedores de batentes hidráulicos ativos, com resposta adaptada ao modo de condução selecionado. Em Comfort (ou até aos 50 km/h em Normal) a sensação de serenidade aproxima-se ao levitar dos antigos Citroën com suspensão hidro-pneumática. Tudo fica leve e mais desligado da estrada, incluindo a direção, numa orientação de conforto supremo e total descontração citroënista.

Depois, é curioso verificar o incremento da consistência dinâmica quer com o aumento da velocidade, quer, principalmente, com a seleção do modo de condução Sport: o C5 X continua a adornar, sim, mas as trajetórias são cumpridas com uma precisão inesperada face ao volume e peso do veículo e ao nível de conforto que é mantido.

De facto, este automóvel pede para ser degustado em ambientes de serenidade dinâmica, aproveitando bem todos os benefícios da tecnologia híbrida PHEV, caso dos longos períodos em que a mecânica 1.6 turbo a gasolina se mantém desligada, associando-se ao excelente isolamento acústico. Seja no dia-a-dia, seja particularmente em viagens em autoestrada, a ausência de ruído é outro dos fatores que muito contribui para a sensação de se viajar num veículo topo de gama.

Não é fácil estender a autonomia de uma carga completa da bateria muito além dos 45 km numa utilização mista quotidiana. AUTO FOCO fez um máximo (e com cuidados extremos) de 56 km, restringidos a circuito urbano – com velocidade média de 33 km/h. O C5 X pode rodar em modo puramente livre de emissões (forçado, através do modo de condução Elétrico) até aos 135 km/h, mas quando selecionado o modo de condução Híbrido a mecânica a combustão acaba quase sempre por se ligar de forma autónoma acima dos 80 km/h. O módulo híbrido inclui, ainda, a função e-Save que permite poupar a carga existente ou forçar o carregamento através do trabalho do motor a gasolina – poupa-se muito tempo, mas sai muito mais caro do que ligar o carro à tomada.

Aferimos perto de 8 horas para uma carga completa da bateria em ligação doméstica; para se usufruir das menos de duas horas que demora num ponto de carregamento a 7,4 kW será preciso investir 400 € para esse mais potente carregador embarcado.

Como já por várias vezes o dissemos, a eficiência e os baixos custos de utilização de um PHEV estão intimamente ligados à disponibilidade (e vontade) do carregamento da bateria. E bastará passar a noite ligado à corrente para que no dia seguinte os cerca de 50 km de autonomia amortizem bem os cerca de 2 € que valem na conta da eletricidade. Não havendo essa oportunidade, conte-se com consumos médios a rondar os 7 l/100 km numa utilização híbrida convencional.

O valor de IUC e as vantagens fiscais para empresas (até quando a manutenção da redução na tributação autónoma e o abatimento do IVA?...) abrem portas para que o C5 X se torne numa alternativa bem viável às propostas ditas convencionais.

O C5 X é, todo ele, uma experiência. Seja do exercício estético ao conceito, seja, principalmente, pelas qualidades de conforto e bem-estar estático e dinâmico. É o melhor exemplo de como ser citroënista nos tempos atuais, aproveitando as qualidades de potência e eletrificação (PHEV) para elevar a fasquia de serenidade rolante. Não falta completo rol de equipamentos e ajudas à condução a enaltecerem o espírito de total relax.

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Ficha Técnica

Caracteristicas

CITROËN C5

X Hybrid Shine Pack

Motor térmico
Arquitetura 4 cilindros em linha
Capacidade 1598 cc
Alimentação Inj. direta, Turbo, Intercooler
Distribuição 2 a.c.c./16V
Potência 180 cv/6000 rpm
Binário 250 Nm/1750 rpm
Motor elétrico
Tipo Iões de lítio
Potência 110 cv (81 kW)
Binário 320 Nm
Bateria Iões de lítio (12,4 kWh)
Capacidade da bateria
Módulo Híbrido
Potência 225 cv
Binário -
Transmissão
Tração Dianteira
Caixa de velocidades Automática de 8 vel.
Chassis
Suspensão F Ind. multibraços
Suspensão T Eixo de torção
Travões F/T Discos ventilados/Discos
Direção/Diâmetro de viragem Elétrica/11,2 m
Dimensões e Capacidades
Compr./Largura/Altura 4,805/1,815/1,485 m
Distância entre eixos 2,785m
Mala 485-1580 litros
Depósito de combustível 44 litros
Pneus F 205/55 R19
Pneus T 205/55 R19
Peso 1797 kg
Relação peso/potência 8 kg/cv
Prestações e consumos oficiais
Vel. máxima 233 km/h
Acel. 0-100 km/h 7,9 s
Consumo médio 1,3 l/100 km
Emissões de CO2 30 g/km
Garantias/Manutenção
Mecânica 3 anos sem limite de km
Pintura/Corrosão -
Intervalos entre revisões 25000 km
Imposto de circulação (IUC) 138,51 €

Medições

CITROËN

Acelerações
0-50 km/h 3,2 s
0-100 / 130 km/h 7,9/11,8 s
0-400 / 0-1000 m 15,6/28,2 s
Recuperações
40-80 km/h (D) 3,8 s
60-100 km/h (D) 4,2 s
80-120 km/h (D) 4,5 s
Travagem
100-0/50-0km/h 35,3/9,0 m
Consumos
Consumo médio 2,7 a 6,2 l/100km
Autonomia 650 km

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