Um Mini é muito mais do que um automóvel para nos transportar do ponto A ao B. É feito para divertir quem o conduz e cativar tão-só por contemplá-lo. O modelo icónico ganha ainda mais personalidade, novas cores e equipamentos, e nem o agora menos potente Cooper S (baixou de 192 a 178 cv) perdeu fôlego dinâmico.
E tudo pode começar por esta nova cor, Zesty Yellow, que vinca a personalidade irreverente que alimenta a alma de um Mini dos tempos modernos. Vê-se bem ao longe e rapidamente enche-nos os retrovisores, porque este Cooper S voa baixinho, qual abelhinha a ziguezaguear!

É verdade que neste salto geracional o motor 2 litros turbo surge com potência amenizada – entenda-se, diminuída –, descendo de 192 para 178 cv. Mas o certo é que as nossas medições não lhe subtraem mérito às performances da renovada mecânica, nesta unidade em teste conjugada com caixa automática desportiva de sete velocidades. O conjunto afirma-se muito bem controlado pela eletrónica, o que se comprova pela forma como o Launch Control aproveita a máxima motricidade do eixo dianteiro, ao arrancar a baixa rotação.
Mais perfeito que emotivo, é certo, mas esse foi o legado que a Mini passou para esta geração já lançada em 2016, perpetuado neste estágio evolutivo com uma quase total ausência dos ratéres que no anterior Cooper S enchiam o ambiente em seu redor – as homologações falam cada vez mais alto... A sonoridade passou a ser mais rouca que estridente, e apenas no arranque se ouve um leve borbulhar oriundo do escape. Até as trocas de caixas estão menos impetuosas.
Mais importante que o (quase impercetível) corte na potência será a redução efetiva do consumo, agora possível de manter abaixo dos 7,5 l/100 km, e com um inédito registo a rondar os 6 litros em deleitado passeio neste divertido descapotável.

De resto, a condução continua interativa e direta, mesmo que no Cabrio a suspensão surja mais macia e algo bamboleante, com nota de conforto, em particular com a opcional suspensão de amortecimento variável – 400 euros.
A marcar esta atualização, muitos e novos pormenores decorativos, caso das agora aplicações a negro no interior a tomarem o lugar do que antes era em alumínio, e a conferir maior profundidade ao monitor tátil de 8,8’’, que conta com a companhia de um ‘LED Ring’ de novos efeitos, cores e animações. Animações coloridas e divertidas que se estendem ao sistema multimédia, seja nos menus de análise de dados sobre a condução (ou do tempo que se circula de capota aberta), seja quando se altera o modo de condução, através de botão colocado (muito à direita...) na fileira inferior da consola central. Novo é o painel de instrumentos, agora digital, herdado do Cooper SE (o Mini elétrico), sendo que a iluminação exterior LED passa a surgir como parte do equipamento de série, com destaque para as óticas traseiras com o original design Union Jack. O volante ganha a possibilidade de ser aquecido (que é bom num cabrio!), ao passo que os novos comandos nos braços do volante, à face e mais táteis do que pressionáveis, acabam por resultar menos práticos devido à falta de uma zona de toque de referência.

Novidades também entre as personalizações, caso da versão Classic da unidade testada, que inclui, nos 2150 € que vale, a pintura metalizada, as jantes de 17’’ (estas 2-Tone de 18’’ custam 600 €), os modos de condução, o caloroso esquema de iluminação interior com seis cores à escolha e estofos revestidos a tecido e pele, com os bancos de formato desportivo a estrear padrão axadrezado em amarelo que, neste caso, combina bem com a pintura exterior!
Na mistura de toda a carga emotiva, não deixa de ser curioso a forma como o pequeno Mini Cabrio se desdobra em versatilidade, permitindo que duas pessoas se sentem no banco traseiro (embora com alguma boa vontade em percursos com mais de 20 minutos de duração...) ou que se rebatam as costas dos bancos para acolher algum transporte inesperado de dimensões avantajadas. Ou ainda que inclua engenhoso sistema que permite subir em alguns centímetros a zona posterior da capota para melhorar o acesso à (pequena) mala. Um descapotável que alia prazer a sentido prático em menos de quatro metros de comprimento, é autêntico concentrado de interesses!

Com a capota colocada, a visibilidade em redor para interação com a vida cosmopolita é boa, facilitando manobras e estacionamentos; já com a capota para trás, a mesma interfere bastante no campo de visão do retrovisor interior, pelo que só se vêm os tejadilhos dos automóveis à retaguarda! Lá dentro, a conceção rebaixada do habitáculo em relação ao tejadilho e a projeção dianteira do vidro frontal permite ótima sensação de liberdade enquanto descapotável. A capota em lona mexe-se de forma 100% elétrica, pode ser operada com o Mini em andamento, até aos 30 km/h, e ainda mantém a particularidade já histórica no modelo, de abrir a zona frontal da capota, qual teto de abrir. Curiosamente, nesta posição, o habitáculo é assolado por fortes correntes de ar, muito maiores do que quando se circula com a capota totalmente recolhida (defletor de vento em opção).
Atualização focada nos elementos de distinção e personalização, que reforçam o caráter único de um modelo premium de pequenas dimensões: o Mini ficou mais refinado e com superior sensação de qualidade visual. Este Cabrio é sempre prazenteiro, para mais com a vertente dinâmica incutida pela versão Cooper S. Pode ter perdido potência e (algum) fervor sonoro emotivo, mas mantém ótimas performances com a benesse de consumos mais baixos.