A Jaguar antecipou-se à concorrência com o I-Pace, crossover elétrico que irrompeu há quatro anos no segmento do Tesla Model X, no formato de coupé tão apreciado por uma crescente clientela em todos os cantos do mundo, e celebrou a estreia do fabricante britânico com 83 anos de história na comercialização de automóveis com esta tecnologia de propulsão a energia não poluente. Facilmente o automóvel mais radical dos últimos anos da vida do emblema do felino.
Em 2021, primeira atualização relevante do crossover elétrico, com novidades que incluíram o redesenho da grelha dianteira cromada e dois novos sistemas de tejadilho, o acabamento metálico e teto panorâmico fixo de vidro – às oito cores possíveis de carroçaria, são apresentadas quatro novas cores (Caldera Red, Eiger Grey, Aruba e Portofino Blue) e novos desenhos de jantes. A que se somaram mexidas discretas no interior, nomeadamente na área da funcionalidade, com os bancos traseiros 40:20:40 oferecidos agora de série, a adoção da função de deteção de mãos no volante (HOD), ecrã tátil inferior da consola central e uma nova iluminação de ambiente interior. Na versão Sport, baseada no acabamento Black Edition, também reforço do equipamento de série, dispondo já do Black Exterior Pack, com apontamentos a negro em vários pontos da carroçaria, teto panorâmico, vidros escuros, faróis premium LED, jantes exclusivas de 20 polegadas, entre outros.

400 cv desportivos
Intacta manteve-se a opção única de dois motores de 200 cv posicionados sobre cada um dos eixos, que perfazem uma potência de 400 cv (294 kW), cada um transmitindo a energia motriz ao par de rodas a que está agregado, para tração integral. A caixa é automática de relação única contínua, sendo o conjunto propulsor alimentado por uma bateria com 90 kWh de capacidade.
Apesar da eletrificação do seu novo SUV, a Jaguar concebeu-o sob os pressupostos da sua herança desportiva, garantindo-lhe performances e dinamismo elevados, como demonstram a tradicional aceleração 0-100 km/h em 4,9 segundos (menos de 2 segundos para recuperar de 40-80 km/h e só 3 segundos entre 80-120 km/h!) e a eficácia e agilidade do comportamento, como facilmente se comprova quando o colocamos à prova em trajetos com um grau de exigência maior.

A instalação do agregado de baterias em posição baixa entre os eixos ajuda contribui para que o centro de gravidade do SUV seja igualmente o mais baixo possível, reduzindo também a inércia. Por seu turno, a colocação, em separado, dos dois motores elétricos, como referido, um sobre cada eixo, ajuda a distribuição quase equitativa do peso precisamente entre estas ligações dianteira e traseira entre cada roda. A direção fornece o feedback correto e o sistema de transmissão integral permanente reforçado com tecnologias recolhidas do recheado banco de órgãos da Jaguar/Land Rover.
O veículo dispõe, também, de níveis reguláveis de travagem regenerativa que criam resistência ao avanço, permitindo conduzi-lo apenas com o recurso a um pedal (do acelerador) em determinadas condições de trânsito.
Num protocolo similar ao que realizamos para os automóveis com motores de combustão e híbridos, obtivemos ao volante do Jaguar consumo médio de 26,2 kWh, registo que, não sendo referencial, oferece a possibilidade de percorrer cerca 350-380 km com uma carga de bateria completa – o modelo admite carregamentos em estações de carregamento rápido com corrente contínua (DC) até 150 kW, o que quer dizer que até 80% da carga pode ser restaurada entre 30 a 50 minutos. O cabo de carregamento doméstico é opcional, por 269€.

Dinâmico e até desportivo
Na extremidade mais recuada do tejadilho, um spoiler fixo garante ligeira força descendente a altas velocidades, sem causar resistência, refere a Jaguar. O mesmo benefício é assegura pelo desenho dos flancos, alargados na seção posterior da carroçaria, otimizando a aerodinâmica ao canalizar e estabilizar o fluxo de ar a velocidades elevadas. Em substituição das (desnecessárias) saídas de escape existem canais de ventilação que também ajudam a canalizar a turbulência de ar provocada pelos arcos das rodas.
Muito menos dispensável a um automóvel de altas prestações, um difusor sobressai na zona inferior da secção traseira para escoar proveniente debaixo do carro. E o óculo da porta da bagageira tem vidro hidrofóbico que repele a água, dispensando limpa para-brisas.

O habitáculo do I-Pace, o vanguardismo tecnológico está garantido com a tecnologia Touch Pro Duo (em opção, por 413.44€), que conjuga amplos ecrãs táteis e controlos multifunções rotativos na consola central, beneficiando a ergonomia do infoentretenimento. A instrumentação totalmente digital e configurável garante ótima legibilidade e múltiplas informações sobre o funcionamento do veículo. Na construção, materiais e texturas de elevada qualidade.
Ótima é também a amplitude do espaço no habitáculo –medimos 89 cm (!) na distância ao nível dos joelhos dos passageiros nos bancos posteriores, que beneficiam também da supressão de túnel de transmissão.

A sensação bem-estar a bordo do I-Pace é valorizada igualmente pelo teto panorâmico em vidro em toda a extensão do tejadilho. Resta referir que a bagageira do protótipo tem anunciados 505 litros de capacidade, aos que se acrescentam 28 litros extra num compartimento instalado à dianteira, sob o capot. O F-Pace, de um gabarito de tamanho maior, tem 650 litros totais.
Com preços a partir de 88.832 euros, o Jaguar i-Pace S do nosso teste ainda incluía bagageira com abertura e fecho elétrico (526.72€).