A Toyota tem vindo a espalhar charme com a sigla Gazoo Racing, seja na criação de modelos com ADN de competição (GR Supra e GR Yaris), seja a utilizar a força da sigla para dar vida a novas versões, de realce mais dinâmico. A que nem o SUV escapou!
Aproveitando a imagem (ainda) original e vincadamente desportiva do C-HR, o acabamento GR Sport - que agora ocupa o topo da gama, apenas e só associado à motorização 2.0 Hybrid de 184 cv - nutre-se de muita personalidade estética e de diferenciados apontamentos mecânicos. Em evidência direta estão, desde logo, as jantes de 19’’ que calçam aderentes Continental PremiumContact6 na medida 225/45, as capas vermelhas nos retrovisores e o tejadilho pintado a preto (Night Sky). Tudo bem enquadrado na restante estética e com os grupos óticos LED (com piscas dinâmicos) que animam o conjunto, cuja imagem foi igualmente modernizada há precisamente dois anos.
Além da inscrição na tampa da bagageira, a sigla GR surge também no botão de ignição e gravada nas costas dos bancos, contando estes com confortáveis e bem acabados revestimentos em Alcantara com aplicações em pele e costuras em branco e vermelho, talvez o elemento mais marcante e diferenciador da versão. Volante e fole da alavanca da caixa surgem com semelhantes acabamentos, cosidos a linha vermelha. Aplicações em preto brilhante no volante, tablier e consola central tentam, juntamente com o tecido escuro que reveste o teto, sintonizar a restante atmosfera vivida a bordo com o necessário cariz desportivo.

A Toyota não poupou recursos para esta versão, dotando o banco do condutor com ajustes elétricos e aquecimento para os dois passageiros da frente; as portas abrem-se ou trancam-se através de sistema mãos-livres e luzes na base dos retrovisores projetam a sigla «C-HR» no chão; o sistema de som JBL abrilhanta a qualidade multimédia.
As ajudas à condução estão também presentes em larga escala, com câmara traseira a complementar o trabalho dos sensores à frente e atrás, incluindo sensor de aproximação de veículos à retaguarda, muito útil à saída de estacionamentos, em marcha-atrás. Presente, mas de atuação brusca e nervosa, é o sistema de travagem de emergência, que não hesitou em aplicar diversas travagens a fundo aquando a realização de manobras a baixa velocidade, por exemplo, na aproximação às paredes de garagens… Cruise control adaptativo, correção de volante face a saídas involuntárias da faixa de rodagem (com aviso sonoro incluído) e alerta de veículos na zona de ângulo morto são outras das credenciais que contribuem para a simplificação da condução.
As formas da carroçaria acabam por influenciar (negativamente) a faceta mais familiar, não sendo o C-HR referência em termos de espaço para ocupantes e carga: quem se senta atrás tem a visibilidade lateral tapada pelo desenho da porta (com puxador exterior em posição elevada) e a bagageira não vai além de modestos 358 litros. Bem melhor é o acesso ao habitáculo, com movimentos naturais do corpo e sem esforços, especialmente nos lugares da frente.
A solução mecânica híbrida, além de ser já imagem de marca da Toyota, é parte ativa na facilidade de utilização do C-HR em meios urbanos, com arranques suaves quase sempre em modo elétrico e enorme simplicidade na realização de manobras. Mesmo contando o GR Sport com suspensão ligeiramente mais firme, o conforto e a serenidade continuam a ser as tónicas dominantes, a que não será alheio o facto de o motor térmico passar grande parte do tempo desligado – perto de 65% do tempo em condução urbana, informação que nos chega através do computador de bordo.

Este motor 2.0 tem desempenho francamente superior à mais conhecida unidade 1.8 também presente na gama, não só pela forma lesta como acelera, mas também pela capacidade de mais facilmente conseguir manter ritmos elevados em autoestrada e pelo inferior ruído de funcionamento, por ser necessário acelerar menos para se atingir velocidades mais altas, característica inerente à utilização da transmissão do tipo variação contínua.
Não sendo propriamente um desportivo a tratar dos seus 184 cv, este C-HR 2.0 GR Sport oferece ao condutor fidedigna comunicação com a estrada, com inferior rolamento lateral da carroçaria nas mais rápidas transições de trajetória, e por intermédio de uma direção que parece ter ganho um pouco de peso informativo. Através dos (vários) botões no volante e pequeno monitor digital do computador de bordo colocado entre os dois mostradores analógicos da instrumentação, chega-se ao intrincado menu para selecionar um dos três modos de condução. Nestes pormenores, o mesmo se passando com o grafismo do painel de bordo e do sistema multimédia, o C-HR começa a acusar o passar dos anos, em particular face a concorrentes cada vez mais digitalizados e de mais vanguardistas soluções ergonómicas.
O feitio ecológico e poupado desta muito eficiente mecânica 2.0 de quatro cilindros associada a unidade elétrica espelha-se nos consumos contidos, que em meio urbano facilmente se ficam pelos 5,2 l/100 km, com os cerca de 400 km realizados neste teste a desvendar uma média final abaixo dos 6 l/100 km. Os 7 anos ou 160.000 km de garantia geral acrescentam credibilidade ao produto e à marca.
Preço:
Toyota C-HR 2.0 Hybrid GR Sport: Desde 39.030 € (mediante campanha em vigor à data de publicação deste teste)