Ícone automóvel, reconhecido pelos dotes dinâmicos e condução envolvente, o Mini do século XXI transformou-se, depois, num adereço de moda. Agora ainda mais ‘fashion’ pela corrente de sustentabilidade que apoia esta estreante versão 100% elétrica.

Finalmente, o Mini vestiu a fatiota mais aguardada do momento. No Cooper SE, nada das mecânicas térmicas repletas de personalidade e muito menos pensar em ouvir os entusiastas rateres dos Cooper S e JCW. O ‘E’, como se pode adivinhar, levanta o véu sobre o lado mais ecológico, sustentável e até fashion do momento, com o elétrico a subir ao poder, aqui com unidade de 184 cv (semelhante à presente no BMW i3s) para que não falte o cunho dinâmico e as performances que dignifiquem este ícone automóvel.
Como veículo de imagem que é, a Mini não poderia deixar o seu elétrico anónimo por entre o trânsito, estando por isso carimbado com o logo amarelo na grelha frontal (fechada e específica), à esquerda na tampa da mala e nas laterais da carroçaria, na zona do pisca. Específico é, também, o desenho à face da roda das jantes em liga leve de 17’’ desta versão de equipamento (denominada L, numa lógica de tamanho de roupa, indo do S ao XL), em sinal de otimização aerodinâmica. Esta versão L conta ainda com amarelo nos retrovisores e faixa na grelha frontal, além de tejadilho negro.

Como espaço é algo que não abunda na carroçaria 3 Portas do Mini (a única escolhida para a eletrificação), a bateria está alojada sob o habitáculo, em forma de ‘T’, não beliscando o já de si curto espaço para passageiros no banco traseiro ou mala. Esta, com 211 litros, aloja os cabos de carregamento sob o alçapão. A característica mais diferenciadora da carroçaria será a elevação em 18 mm da altura ao solo, de forma a melhor preservar o berço da bateria.
O habitáculo segue a toada de distinção, com foco no painel de instrumentos totalmente digital (com definição mais baça que cristalina...), comando específico da caixa automática (de grandes dimensões) e botão de ignição amarelo, localizado na consola central. As aplicações decorativas no tablier, em cinza e amarelo, fazem parte da identidade da referida Versão L.
Na correnteza de botões da consola central, lugar a comando para seleção do modo de condução (entre Sport, Mid, Green e Green+) além de botão que permite optar pela intensidade da capacidade regenerativa, ou seja, fazendo variar o efeito travão motor – e no nível mais intenso, o Mini como que trava realmente forte assim que se alivia o pé do acelerador!
Não deixa de ser estranha a ausência de ruído após acionar a ignição de um Mini... Mas aqui temos de apreciar as qualidades que distinguem uma motorização elétrica, caso da forma espontânea com que o automóvel desliza desde o arranque ou a entrega imediata de binário a partir de qualquer velocidade, o que resulta em rápidos pulos para a frente (ver valores das medições!), que permitem chegar num ápice aos 150 km/ /h de velocidade máxima limitada!

Só nos programas de condução mais ecológicos (face ao Green, o Green + limita a utilização de elementos de conforto, caso de climatização ou aquecimento de bancos) se poderá almejar a realizar mais de 180 km com uma carga de bateria. Mesmo com a otimização da regeneração energética em desaceleração e travagem, os 28.9 kWh úteis da bateria vão desaparecendo com médias na ordem dos 15,5 kWh/100 km, que chegam aos 16,2 em autoestrada. Consumos que não deixam de ser interessantes e que quase sempre resultam em alcance superior ao valor indicado pelo computador de bordo após finalizada a carga total da bateria. Circulando- se a velocidades em torno dos 90 km/h e encaixando algum pára-arranca pelo meio poderá reduzir-se o consumo médio real para perto dos 13,5 kWh/100.
Para acompanhar e incentivar o condutor a uma condução mais eco friendly, os modos de condução Green incluem programas de pontuação de desempenho acompanhados por animações cativantes, à imagem do que a Mini sempre fez nos seus modelos mais atuais e que ajuda a criar as raízes de distinção para outros possíveis concorrentes.
Estando as massas bem equilibras e aproveitando o centro de gravidade rebaixado pela presença das baterias, consegue- se retirar a experiência de condução típica de um Mini, com todo o conjunto a responder bem às ordens da direção. Só não se consegue o envolvimento total devido à natureza da mecânica (mesmo que pujante nas acelerações) e ao trabalho regenerativo. As descargas de binário são bem controladas, sentindo-se aquele ligeiro vibrar na direção tão típico dos Mini, sem que tal signifique perca de controlo ou de motricidade. Até o pedal de travão, depois de algum hábito, consegue ser mais fidedigno face a outros elétricos.
Como não poderia deixar de ser, nada falta de conectividade, com navegação, aplicações e serviços móveis como parte desta interessante versão L.

A relação entre tempo de carregamento da bateria (ligado à corrente doméstica, obtivemos, no nosso teste, 8 horas de espera para encher 50%, o que supera o valor anunciado) e alcance máximo conseguido (entre 180 e 200 km na melhor das hipóteses) faz do Mini Cooper SE um verdadeiro cosmopolita... repleto de estilo! Cujo preço acaba por ser justo face à restante oferta do mercado, sem esquecer os benefícios fiscais para empresas.