Para quem pretenda um desportivo bestial em termos de conforto e, simultaneamente, uma fera ao nível das prestações, o revisto Audi TT na versão 45 TFSI é proposta a considerar.
De facto, trata-se de automóvel onde se acentua esse lado... bipolar: poder-se-á guiar calmamente, sem radicalismos (baixando o consumo), como também é possível levá-lo de forma rápida e impulsiva, tendo em conta a força que o bloco de 4 cilindros (injeção direta) desenvolve. A leveza da estrutura em alumínio (chassis, tejadilho, capot e portas) é um fator preponderante nessa matéria, a par da tração integral quattro e da transmissão automática de dupla embraiagem S tronic, incluindo patilhas no volante para comando sequencial. A ação conjugada do bloco de 245 cv e da referida caixa automática fazem-no arrancar em apenas 5,4 segundos até aos 100 km/h, como se se tratasse de um autêntico empurrão para diante, sem queixume das ligações ao solo e da suspensão rebaixada (S line), com as trocas de caixa ao corte (nas 7000 rpm) a conferirem um certo espírito de competição. Rápido, muito rápido! Com o modo Sport selecionado, o bloco TFSI (mais 15 cv do que antes) respira à vontade nos regimes elevados e é capaz de reações tão imediatas quanto a pressão exercida no acelerador, sem que a restante configuração seja radical, pelo menos na apreciação relativa ao conforto a bordo.
Outro trunfo é o equilíbrio gerado pelo chassis e suspensões e ainda pelos pneus Bridgestone Potenza de 245/35 com jantes de 19’’ (opcional por 1610 €), os quais permitem extremar as capacidades do bloco TFSI e da caixa S tronic, mais uma vez num exercício notável em alta.
A sonoridade do modo Sport assume um tom mais grave (de escape duplo), sem exageros, sendo possível regressar às definições Efficiency, Comfort, Auto e/ou Individual (sistema drive select) de forma a atenuar o consumo. E o lado bipolar deste TT também é mensurável nesse parâmetro, sendo possível controlá-lo com valores desde 8,7 a 9 litros por cada 100 km, embora também se atinjam médias acima de 10 l/100 km com enorme facilidade.
As retomas de velocidade são operadas de forma quase imediata, sem qualquer hesitação, mais uma vez melhor em alta do que a baixo regime, como se comprova pelos registos quase iguais de 3,8 s e 3,9 s de 60 a 100 km/h e de 80 a 120 km/h. Isso acontece devido à elasticidade do motor e à destreza da caixa S tronic (esta última mais relutante a baixa rotação), assim como à eficácia da tração às 4, igualmente responsável pela confiança gerada nas trajetórias sinuosas e em curva, sem evasivas, e nas quais o aileron posterior (retrátil) também contribui para um downforce adicional, pouco acentuado é verdade, mas existente. Para que não haja surpresa, o controlo de estabilidade (ESP) atua eficazmente, sem muita intromissão, até porque a motricidade é elevada, a par do amortecimento firme S line com menos 10 mm na distância ao solo.
A assistência da direção é precisa e transmite um excelente feedback da estrada, sem que o peso seja exagerado na configuração Sport. Por outro lado, a posição de condução é baixa, tipo Audi R8, mas sem exagero, ao mesmo tempo que o tato do volante agrada, apesar do tamanho grande. Destaque para o painel de instrumentação digital de 12,3’’ (Virtual Cockpit), estreado nesta 3.ª geração do TT (finais de 2014), operando-se aí todas as funções de bordo (por teclas no volante), mas mantendo-se o comando rotativo na consola. Prático! À direita do volante existem apenas as saídas de ventilação do tipo turbina, com o tablier limpo. Nota elevada para a qualidade geral do habitáculo (forros/materiais), sem falhas nos equipamentos, embora a lista das opções seja alargada.
A revisão do TT Coupé é quase cirúrgica, incluindo alterações na imagem (grelha, entradas de ar, luzes LED e outras cores de carroçaria, por exemplo), assim como mais equipamentos de série (drive select, luzes automáticas e multimédia). O bloco 2.0 TFSI passa a integrar filtro de partículas e a potência progrediu para 245 cv (mais 15 cv), estando associado a caixa S tronic de 7 relações. A resposta da mecânica impressiona, assim como a eficácia dinâmica. Aprovado!