A Alpine enfrenta talvez o maior desafio da sua história de quase sete décadas, o da eletrificação, empreendimento gigante em curso e transversal à indústria automóvel, mas que no fabricante francês assume ainda maiores proporções, por pesar-lhe a herança de marca puramente desportiva. Construtor de baixo volume e de um único modelo, a geração mais recente do icónico desportivo compacto ultraleve A110, a Alpine assumiu como objetivo para o próximo quadriénio alargar a gama a três carros para segmentos diversos e todos exclusivamente com motorização elétrica.
Quatro anos, três automóveis, todos alimentados a bateria – um desportivo compacto, um crossover GT e o substituto do A110.
O primeiro vislumbre do futuro A110 elétrico, sob forma de concept, teve estreia mundial no Grande Prémio de França de Fórmula 1, em julho do ano passado. O elétrico A110 E-ternité celebra o 60.º aniversário do icónico desportivo de construção leve e apresenta-se como prova de compromisso da Alpine com a eletrificação, mostrando algumas soluções tecnológicas e outras em embrião que podem surgir no modelo de produção em série em 2026.
O compacto do segmento B, modelo programado para 2024, baseado no futuro modelo BEV da Renault inspirado no histórico R5 (que chegará antes nesse ano), antecipa-o este A290_ß (lê-se «beta»), um protótipo pensado para reescrever a norma dos automóveis desportivos urbanos numa era nova, como fez, à sua maneira, o R5 Turbo dos anos 80, usando o riquíssimo legado da marca para proporcionar uma experiência diária do espírito da competição.

O Alpine R5 disporá de motor dianteiro de 220 cv (160 kW), o mesmo do Renault Mégane Electric, mais potente do que o do Renault 5 Electric, que adotará versão de 136 cv (100 kW).
Inspirado no passado, mas não retro
«Criámos algo completamente virado para o futuro. Queríamos superfícies, detalhes e materiais atualizados, um automóvel que cumprisse todas as promessas da Alpine, que fosse emocionante, surpreendente e não remotamente nostálgico», explica Raphael Linari, n.º1 do design na Alpine.

O A290_ß inclui todos os ingredientes da marca Alpine, num desportivo elétrico de topo no seu segmento. Com 4,05 metros de comprimento, 1,85 m de largura e 1,48 m de altura, uma curta distância entre eixos e vias largas, está projetado para a condução desportiva e maior estabilidade a alta velocidade.
O para-choques dianteiro incorpora grandes entradas de ar que melhoram a aerodinâmica ao mesmo tempo que o arrefecem de forma mais eficiente. Os espelhos retrovisores flutuantes ultrafinos desempenham, também, um papel na aerodinâmica do conjunto, enquanto as entradas de ar esculpidas por baixo dos faróis ajudam o ar a fluir. Os dois conjuntos de luzes em forma de X na frente do A290_ß são muito parecidos com os que o modelo de produção apresentará e derivam, em certa medida, dos faróis do icónico A110 e dos automóveis de competição de outros tempos. Está lá tudo, passado, presente e futuro.
Condutor ao centro
No pequeno desportivo da Alpine condutor/piloto no centro da ação, literalmente! A sua arquitetura de três lugares e a posição de condução central ilustram-no perfeitamente. O objetivo é que o condutor esteja em sintonia com o automóvel, e os passageiros desfrutem de uma experiência incomparável. O condutor está inteiramente concentrado na experiência de condução e os passageiros – aqui, copilotos –, seguem instalados atrás. A estrutura dos bancos é 100% em carbono bruto para serem leves.

Todas as funcionalidades do automóvel estão posicionadas na linha central onde o condutor se senta. Uma consola incorporada no tejadilho proporciona acesso instantâneo a várias funcionalidades (kill switch, indicadores, definições de luz, etc.).
No volante, inspirado nos monolugares Alpine LMP2, A470 e Formula 1 A523, um botão vermelho de ultrapassagem (OV: Overtake), para proporcionar um aumento de potência durante 10 segundos. Este botão foi também concebido para otimizar a segurança: só pode ser utilizado quando a pista está seca e só pode ser pressionado novamente após um período de 10 segundos – derivado da Fórmula 1 e do universo da competição.
Três modos de condução para todos os tipos de pistas
Várias configurações estão disponíveis diretamente através dos botões no volante para otimizar o comportamento do show car em tempo real. O ABS tem 11 posições e responde de acordo com a aderência da estrada.

Existem também três modos de condução para pistas: Wet, Dry e Full. Na configuração Wet (pista molhada) o automóvel responde muito mais suavemente, tem mais tração e torna-se mais estável. No modo Dry (pista seca) o comportamento é completamente diferente: desliza mais e as rodas respondem de forma mais agressiva. O modo Full (completo), tal como o OV de ultrapassagem, liberta toda a potência dos dois motores elétricos neste concept.