O primeiro Mazda com sistema híbrido recarregável para a Europa tem 327 cv e permite até 60 km de condução sem gases de escape. Comercialmente, como alvo, Toyota RAV4, a referência na categoria. Entre os trunfos do CX-60, rigor de construção e fiabilidade mecânica, que são sempre cartão de visita na marca de Hiroshima, mas também estética muitíssimo inspirada e qualidades de veículo familiar por excelência, espaçoso e funcional.
Assente numa nova plataforma de tração traseira (a Skyactiv Multi-Solution Scalable Architecture), leve e moderna e a permitir vários níveis de eletrificação, o SUV da Mazda aproxima-se muito do Toyota nas dimensões, mas supera-o tanto no comprimento (14,5 cm), como na distância entre eixos (2,870 m contra 2,690). Também na capacidade da mala, Mazda mais volumoso: com cinco lugares a bordo, 570 litros, mais 50 do que RAV4.

Porém, nas cotas interiores, jogo igual: no Mazda há mais 1 cm em largura nos lugares traseiros (143 cm contra 142); mas no espaço para as pernas ganha por 1 cm (75 cm contra 74) ao Toyota, modelo de marca de referência na democratização das tecnologias híbridas e dos SUV – o RAV4 é só o SUV mais vendido no Mundo, com mais de 10 milhões vendidas desde o lançamento, em 1994.
Entrar e sair do habitáculo são tarefas facilitadas e as costas do banco traseiro podem ser colocadas em dois graus de inclinação, para superior conforto. O sentido prático de utilização é reforçado pelos muitos locais de arrumo espalhados – especialmente os reservados para os passageiros da frente.
O condutor conta com ótima visibilidade para todos os cantos, somando a presença de câmara traseira de ajuda ao estacionamento e curto raio de viragem como auxílio às manobras.

Os sistemas de infoentretenimento estão bem localizados no topo das consolas. No Mazda, ecrã de 12,3”; o do Toyota é mais pequeno e com grafismo menos moderno, como acontece também com o painel de instrumentos com zona central digital que se altera com os modos de condução e fornece informações várias, incluindo o módulo de funcionamento do seu sistema híbrido. Como base técnica, mecânica 2.5 a gasolina (185 cv) apoiada por motor elétrico nos dois eixos (de 182 cv à frente, e de 54 cv atrás), configuração responsável por tração integral, e bateria de iões de lítio com 18,1 kWh de capacidade – carrega-se em 7h30 em tomada doméstica, mas o carregador de bordo admite potências até 6,6 kW; encontrando-as, a operação pode realizar-se em menos de 3h.
O rendimento máximo do sistema atinge os 306 cv (225 kW), permitindo acelerações e retomas rápidas e a agradabilidade na condução nos trajetos urbanos e extraurbanos. Em modo exclusivamente elétrico (o RAV4 Plug-In arranca sempre como EV e atinge 135 km/h com o motor térmico parado) percorremos 78 km sem qualquer consumo de gasolina, com média de 17,5 kWh/100 km. E, no ciclo de condução em cidade, fizemos muito perto de 100 km. Mais pesado, o Mazda não acompanha estes valores de referência.
O consumo real do CX-60 em modo EV varia entre 21 kWh e 24 kWh, significando que só com especial contenção no acelerador é que se cumprem os 63 km anunciados.

O sistema novo combina uma versão modificada do motor a gasolina de injeção e 2,5 litros que encontramos no CX-5, com um motor elétrico, uma transmissão automática de oito velocidades totalmente nova (abdica de um conversor hidráulico como embraiagem de entrada, recorrendo, em alternativa, a uma embraiagem de discos múltiplos e a um motor/gerador elétrico integrado) e uma bateria com 17,8 kWh de capacidade. Combinados, rendem 327 cv e 500 Nm, números que fazem do CX-60 o modelo de estrada mais potente alguma vez produzido pela Mazda. A marca japonesa anuncia 0 a 100 km/h em apenas 5,8 segundos, atingindo velocidade máxima (limitada) de 200 km/h. O módulo híbrido parece ter fôlego ilimitado, reagindo bem às solicitações, e por isso garantindo acelerações e recuperações, sempre mais velozes do que no rival de ocasião.

A nova caixa automática contribui para o resultado e também participa no cumprimento do objetivo de redução do consumo, sendo a média por nós obtida, em modo híbrido e com a bateria carregada, de notáveis 2,8 l/100 km. Ainda assim, consegue ser mais poupado o Toyota, inclusivamente nos quilómetros seguintes, já com a bateria nas lonas: obtivemos um consumo médio de 6 l/100 km com o conjunto a funcionar como um híbrido convencional.
Já dinamicamente, o CX-60 empolga mais, cumprindo rigorosamente compromisso no ADN da Mazda: condutor sempre no centro de ação, também a razão por trás da arquitetura do painel de bordo com o volante, pedais, seletor da caixa impecavelmente centrados.
Na prática, controlo otimizado dos movimentos da carroçaria durante as transferências de massa, em curva, comportamento ágil e seguro – direção precisa e rápida melhora a sensação de capacidade desportiva do chassis.

A direção mais leve do RAV4, com acerto ótimo para manobrar em cidade, talvez não ofereça o mesmo feedback, mas, globalmente, gostámos do desempenho dinâmico do Toyota, um automóvel que se pode conduzir a ritmos mais elevados sem que sintamos oscilações demasiado pronunciadas da carroçaria, e com amortecimento macio, mas que não alcança, por exemplo, a suavidade do rival em mau piso.
No Mazda, tração integral permanente i-ACTIV AWD que utiliza uma embraiagem de discos múltiplos como elemento de acoplamento e suspensões independentes nas quatro rodas, sendo que o sistema Mi-Drive de última geração integra cinco modos de condução comutáveis – Normal, Sport, EV (para até 63 km sem gases de escape), Off-Road e Towing (Reboque), este último para otimização das características de potência do sistema AWD em face de um aumento de peso decorrente do engate de um gancho de reboque.

No RAV4 Plug-In, além do modo EV (a propulsão tem quatro modos de funcionamento e também existem quatro modos de condução: Eco, Normal, Sport e Trail, um sistema de bloqueio automático para o diferencial autoblocante que o condutor pode ativar), outros três modos operacionais diferentes no seu sistema híbrido: HV (veículo híbrido), auto HV/EV e modo de carregamento, que ajuda a restaurar o nível de carga da mesma quando este está demasiado baixo, indo buscar energia ao motor térmico. Expediente que o Mazda também tem.
Tudo somado, vitória à fórmula de eficiência do Toyota, que sobressai pelo desempenho do seu sistema PHEV em todos os momentos da condução, e sem comprometer em nenhum dos outros parâmetros na nossa tabela de avaliação. Onde o SUV da Mazda se destaca é, claramente, na qualidade do interior, facto que explica o posicionamento diferenciado do modelo que é quase 10.000 € mais caro do que o Toyota, com dotação igualmente completa no equipamento de segurança e conforto. É dinheiro...