De imagem marcante e motorizações 100% eletrificadas, estes dois SUV têm total foco cosmopolita. Não lhes peçam muitos quilómetros em viagem; aproveite-se, sim, as tecnologias, os equipamentos e a vivacidade dinâmica dos motores elétricos.
Dois modelos de raízes citadinas, originais e coloridos, que não dispensam o formato SUV e que ficam bem nas fotos do mural do Instagram! Some-se a faceta de sustentabilidade garantida pelas motorizações elétricas, e eis um par de veículos em pleno estado de graça, centrados com as atuais tendências e apontados aos benefícios fiscais para empresas.

Opel de nova geração
O Mokka assina o atual momento de viragem estilística (e técnica) da Opel, com base do Grupo Stellantis que permite suportar a eletrificação total – modelo que coexiste com versões de mecânicas térmicas, ao contrário do que acontece na Mazda, onde o MX-30, por agora, só se encontra disponível nesta variante 100% elétrica. O Opel faz uso de uma bateria de maior capacidade (50 kW vs 35,5 kW brutos) que lhe garante superior versatilidade de utilização: não foi difícil confirmar os cerca de 300 km de autonomia em condução mista, sem surpresa, 100 km acima do que o Mazda se mostrou capaz. Mas, como acontece em todos os elétricos, estes 300 km facilmente se transformam em 200 em cenário de autoestrada e com ar condicionado ligado, com o computador de bordo a assinalar consumo médio a rondar os 20 kWh/100 km – em circuitos urbano/misto, o Mokka-e regista consumos na ordem dos 16,5, ou seja, sempre mais elevados face ao seu rival de ocasião, que assim aproveita melhor a bateria mais curta.
Relativamente ao Mazda (que se fica por modos de regeneração selecionados nas patilhas no volante), o Opel propõe sistema de modos de condução e transmissão com função regenerativa ‘B’ que permite adaptar a entrega do motor e melhor gerir a autonomia. Tudo muito bem explanado nos dois monitores digitais (instrumentação e multimédia) em diversos menus e informações alusivas ao sistema elétrico, não só de grafismos atraentes, como de navegação simplificada – apenas o software tem alguns momentos de atraso na resposta. Aliás, todo o ambiente interior do Opel é marcado por conceção vanguardista, e ligada ao condutor, inclusive na inclinação da consola central, para a esquerda, melhor envolvendo o posto de comando. Entre tanta digitalização, de louvar a manutenção de comandos físicos para a climatização.

Esta versão topo de gama, Ultimate, tem visual e ambiente reforçado pelos revestimentos em Alcantara e pele nos bancos e portas e painéis interiores em piano black. Mesmo sendo mais pequeno por fora, as cotas habitáveis do Mokka equivalem-se às das do Mazda(o Opel tem apenas um pouco menos de espaço em largura, à frente, e reduzido ângulo de abertura das pequenas portas traseiras), perdendo também no volume da bagageira – não obstante permitir a organização do espaço em dois planos de carga.
A diferença está nas portas!
A Mazda apostou nas portas traseiras freestyle, de abertura invertida, para fazer do MX-30 um carro peculiar e que soubesse explorar a veia diferenciadora da propulsão elétrica. Mesmo com abertura quase a 90º de todas as portas, as traseiras só abrem mediante a abertura das da frente, o que prejudica a funcionalidade. Mas fruto da ausência de pilar B, o acesso atrás não se torna complicado, apenas... diferenciado, e pode ser realizado mesmo com passageiros sentados à frente. Seja à frente ou atrás, os bancos são ergonómicos e ajudam a promover o conforto e o bem-estar, onde nem falta apoio de braços central traseiro. Nesta versão de topo, além dos cuidados revestimentos em couro Vintage Leatherette (artificial) e tecido (com têxteis feitos a partir de garrafas recicladas), o banco do condutor oferece ajustes elétricos; a cortiça utilizada a bordo é de origem portuguesa.

Mais confortável, com direção mais coesa e superior sensação de robustez nas ligações ao solo – não obstante o peso final mais alto justificado pelos reforços estruturais que minimizam a ausência de pilar ‘B’ central – o Mazda dá também mostras de mais cuidados nos acabamentos e na montagem. Mas a ergonomia e algumas funcionalidades do interior pecam por falhas motivadas por soluções pretensamente... diferenciadoras. É o caso da dificuldade em percecionar a informação no monitor inferior da consola central, touchscreen de 7’’ dedicado à climatização (iluminação fraca e muitos reflexos); da ausência de locais de arrumo à mão, uma vez que o mais amplo fica sob a consola central flutuante, resultando pouco prático e de acesso dificultado; ou ainda no manuseamento da alavanca da caixa de velocidades, que obriga a um movimento lateral e pouco natural.
O painel de instrumentos, mais analógico que digital, é menos vanguardista, e dedica pouco destaque à informação sobre a autonomia. Bem melhor é a qualidade gráfica do head up display (de série) e do monitor do sistema multimédia (8,8’’, não sendo tátil), comandado unicamente via botão rotativo na consola central. Excelente é também a definição da projeção da câmara de ajuda ao estacionamento.

Recheadas de equipamentos, estas versões não dispensam extenso rol de ajudas à condução. Enquanto veículos elétricos, o Opel Mokka-e proporciona carregamentos mais rápidos, até 100 kW – o Mazda fica-se pelos 50.
Face à peculiar carroçaria do Mazda MX-30 (tem o seu encanto, marcando pontos pela diferença), o Opel Mokka resulta bem mais funcional. E ainda soma a versatilidade de percorrer mais quilómetros com uma carga de bateria. São dois SUV com pleno foco nas cidades, com o Mazda a surgir mais confortável, refinado e melhor acabado. O Opel apresenta interior mais vanguardista e digitalizado, sendo o melhor e mais completo enquanto veículo 100% elétrico.