O lançamento de versão revista e atualizada do i30, cerca de quatro anos volvidos sobre início da carreira comercial do modelo original, tem como objetivo imediato a recuperação das vendas para números próximos dos de 2017. A qualidade do automóvel sustenta a ambição, mesmo numa categoria tão fortemente ameaçada pelo avanço dos SUV/crossovers, que nascem como os eucaliptos e secam todas as outras espécies que estão à sua volta.
O novo i30 não é maior do que o modelo antecessor, mas as mexidas cirúrgicas na estética conferem-lhe um porte diferente, com mais músculo, sobretudo nesta variante N Line (que, pela primeira vez, também está disponível na carroçaria Station Wagon), com vários elementos exclusivos, desde o novo para-choques à grelha dianteira mais larga, de desenho exclusivo. Para redesenhar a dianteira do i30, a Hyundai procurou inspiração na aerodinâmica dos aviões a jato, por isso a grelha central inferior aumentou consideravelmente de tamanho, dominando toda a zona do para-choques, enquanto as aberturas laterais melhoram o desempenho aerodinâmico. Atrás, há um para-choques com novo design e faróis de nevoeiro reposicionados para colocar o centro de gravidade visual mais próximo do solo. O desenho das jantes de 17’’ ou 18’’ também está pensado para passar a expressão de velocidade mesmo quando o veículo se encontra parado.

No interior, mais um passo na digitalização do painel de bordo, que dispõe agora de dois ecrãs, com 7” e 10,25”, para instrumentação e sistema de infoentretenimento, respetivamente. A ergonomia manteve-se à prova de críticas, tal como a lista de equipamento de conforto e de segurança, que passa a incluir elementos como o sistema de manutenção na faixa de rodagem, o alerta de arranque do veículo dianteiro, que avisa o condutor quando o veículo à sua frente começa a avançar sempre que é detetado um atraso na reação, por exemplo, nos semáforos, ou o sistema de travagem autónoma de emergência, desenvolvido para detetar ciclistas na estrada.
A qualidade e a solidez dos materiais do interior e respetiva montagem são à imagem do que melhor se faz no segmento. Apenas falta apuro no design, mais ao encontro das preferências europeias. Exatamente onde mais evoluiu o Citroën C4, neste seu regresso à ação.
SUV, mas com ‘tiques’ de coupé
No regresso em força da Citroën ao segmento C, um dos que mais pesa na Europa, a marca francesa rende-se ao formato da moda. O novo C4 apresenta-se com uma única carroçaria a meio caminho entre um moderno crossover e um estiloso coupé, como alternativa às referências mais conservadoras da categoria: as berlinas de cinco portas. O estilo arrojado de linhas angulares pronunciadas, que se mistura bem com as formas mais redondas e com uma linha de tejadilho que desce do pilar B em direção à mala, marca a diferença na estrada. Mas a verdadeira lufada de ar fresco está no interior, simples e arrumado. As superfícies limpas favorecem a imagem de sofisticação e tornam a experiência de condução especialmente intuitiva. Tudo fácil e à mão de semear. No centro do tablier, o ecrã táctil de 10’’ reúne toda a informação necessária sobre o veículo e as características de conectividade. Os dados essenciais à condução estão no painel de instrumentos também digital, ainda secundado pelo head-up display, em opção.

O tablier, composto por materiais duros, mas com revestimentos e texturas que favorecem a imagem de qualidade percebida, enquanto a zona do porta-luvas esconde alguns truques de funcionalidade. Há uma gaveta, ideal para colocar papéis, e um suporte para prender um tablet em viagem, mesmo à frente do ‘navegador’.
A posição de condução é tipicamente SUV, sobrelevada, com visão desafogada para todos os ângulos da estrada. E a tónica é, claramente, o conforto. Desde logo, pelos bancos Advanced Comfort que traz de série. E, depois, no acerto das suspensões, com batentes hidráulicos progressivos, com a rara capacidade de ‘alisar’ o mau piso. O conforto é a nota dominante na condução do C4, o que se reflete obviamente na dinâmica. Nos andamentos mais despachados, o Citroën mostra atitude mais bamboleante em curva. A surpresa está na direção, bastante direta e precisa, para condução com mais feeling.

O motor a gasolina 1.2 Pure Tech, nesta versão com 130 cv, surge associado à caixa ZF de 8 velocidades, e dispondo de três modos de condução que ajudam a traçar a personalidade dinâmica. As performances são de muito bom nível (a mecânica até engrossa a voz no programa mais desportivo), mas o C4 é automóvel muito mais voltado para uma utilização pacata nos trajetos de todos os dias. Mesmo quando é difícil fazer o consumo baixar dos 6 l/100 km.
Coreano (quase) racing
Mais perto do compromisso ótimo entre conforto e eficácia está a berlina de cinco portas da Hyundai, que combina igualmente todas as características mais valorizadas em compactos de segmento C: qualidade de construção, espaço, conforto e dinâmica satisfatórios, generosa dotação de equipamento e, com este motor a gasolina de 4 cilindros, 1,0 litros de 120 cv, também performances e consumos convincentes.

O 1.0 T-GDI tem boa elasticidade desde baixos regimes e mantém-se em faixa ótima de utilização sem queixumes, e com o proveitoso contributo da caixa manual de seis relações, cujo correto escalonamento é uma mais-valia para a facilidade, conforto e agrado da condução. O conjunto motopropulsor revela-se também suave, virtude que é reforçada ainda pela correta insonorização do habitáculo.
O consumo fica no limiar dos 6 litros/100 km em média, numa condução sem especial comedimento pela economia. Neste teste oscilou entre 5,5 e 7 l/100 km, o valor mais elevado com modo Sport (do programa de condução adaptável) que otimiza a resposta da direção e do acelerador.
A Hyundai também operou mexidas nas ligações ao solo, mas o upgrade não alterou as credenciais que conhecíamos, incluindo a afinação mais firme do amortecimento nesta versão N Line, para restringir as oscilações da carroçaria sem prejudicar gravemente a absorção das irregularidades do piso. E combina-se com travões dianteiros de maior diâmetro e jantes em liga leve de 18’’.

Onde Citroën e Hyundai fazem jogo mais é claramente nas credenciais familiares. No i30, habitabilidade, principalmente nos lugares posteriores, alinhada pela média do segmento e a capacidade da mala, de 395 litros, é familiar quanto baste, e com a versatilidade de, sob o compartimento de carga, dispor de alçapão para guardar mais objetos ou acondicioná-los melhor.
A mala do C4 não é tão ampla (menos 15 litros na configuração ‘standart’ de cinco lugares), mas compensa com formas mais regulares e uma plataforma de carga em plano mais elevado.
Nas cotas habitáveis, vantagem para o familiar compacto da Citroën só no espaço para as pernas dos passageiros nos bancos posteriores e em altura; o Hyundai é 3 cm mais largo na medição em largura à altura dos ombros.
Tudo somado, podemos dizer que o novo C4 terá o condão de não ser apenas mais um concorrente no segmento C. É um automóvel de linhas modernas, capazes de despertar emoções, e que combinam com o interior moderno e desafogado q.b. para uso familiar.

No i30, a Hyundai apurou a receita original com mais elementos de inspirações ‘racing’, não apenas estéticos, para condução com mais feeling. Os preços da versão ensaiada arrancam nos 25.500 € (22.000 €, com campanha de financiamento da marca).
Pelo C4 com este motor Puretech, com caixa automática e nível de acabamento Shine, a Citroën pede 27.508 €