O mundo automóvel muito mudou, mas nada parece ainda demover a BMW de tratar o já histórico Série 3 com todo o carinho – desde o seu nascimento, em 1975, representou a marca em mais de 16 milhões de unidades ao longo das várias gerações, com a atual, lançada em 2019, a ter quota parte de 1,1 milhões neste percurso. A Touring, a primeira carrinha da BMW, chegou em 1987.
Nesta agora (habitual) atualização de gama, a BMW pouco mexeu na imagem, apenas tonificando a tão querida (e assumida) faceta desportiva do modelo, com as agora mais afiladas óticas dianteiras, iluminadas com nova assinatura diurna, a contribuir decididamente para a diferenciação das proporções do Série 3, parecendo ter ficado mais largo e baixo também pelo efeito criado pelos novos para-choques. Mais abaixo, nas laterais, ficam as agora verticais tomadas de ar com acabamento em preto ‘high-gloss’, num conjunto que pode ganhar uma ainda superior garra dinâmica com os elementos retocados da linha M Sport. As saídas de escape estão mais largas e os para-choques ainda mais proeminentes, em particular o efeito criado pelos traseiros. Atrás, não há mexidas nas óticas, ao passo que as dianteiras, quando equipadas com os opcionais grupos LED adaptativos, acrescentam uma assinatura interior em azul. Estilo, muito estilo!
Mas se por fora existe (muita) subtileza na modernização, já o interior não renega os novos tempos, com a reforma dos tradicionais quadrantes de painel de instrumentos e sistema multimédia, tomados por uma única faixa digital que reúne, sem separadores físicos, ecrã de 12,3’’ atrás do volante, e outro, tátil, de 14,9’’ que dá vida à última evolução (8.0) do sistema operativo. Trata-se da solução BMW Curved Display, visualmente bem integrada, que liberta o tablier de comandos físicos (da climatização, agora operada via multimédia, sobram apenas dois botões para desembaciar os vidros dianteiro e traseiro)_e cativa pela qualidade dos gráficos, facilidade de navegação entre menus e variedade de configurações, embora esteja ainda por apurar (é a nossa opinião após este primeiro contacto) a fluidez dos comandos vocais.
Nova é, também, a central de comandos mais ligada à condução e localizada entre os bancos, com a alavanca da caixa a dar lugar a minimalista (mas nem por isso mais prática) patilha para seleção das marchas. Em redor, botão de ignição, modos de condução e ainda o comando rotativo do iDrive e respetivas teclas de atalho, solução ergonómica que continua a ser mais rápida e certeira (e por isso mais segura durante a condução) face à seleção tátil no monitor do tablier.
Além do visual e dos equipamentos, também a condução de um BMW Série 3 é por demais influenciada pela especificação da unidade. No caso, realizámos os primeiros quilómetros numa 320d Touring igual à das fotos, com Pack M e suspensão de amortecimento variável, o que resulta num ótimo envolvimento desportivo, sem radicalismos no endurecimento das ligações ao solo. O tempo parece não esmorecer o vínculo dinâmico do Série 3 nem tão pouco a qualidade da condução, cimentada por uma direção exímia no peso e precisão, pela gestão da motricidade e a facilidade do chassis em lidar com velocidades elevadas (em reta ou curva), pela calibragem das ajudas à condução e pelo vigor do 2.0 Diesel (mild hybrid) e da caixa automática, sem que acelerar seja sinónimo de ruído ou de consumos elevados.